sábado, 22 de janeiro de 2011

Noite de Pôquer

Ainda não havia acabado o tempo da suspensão, faltava apenas 2 dias, e o parque havia reaberto com o brinquedo “O Quarto Escuro” com outro nome, para despistar, chamado “Escuridão”. A Sra. Mighty, mesmo com toda a segurança que estavam em cima de todos os brinquedos, com dois seguranças em cada entrada de brinquedo e um dentro do brinquedo, ainda estava insegura em relação a isso. Por isso, Brittany foi realmente proibida de ir para o parque. Os pais de Logan estavam meio ausentes quanto a isso, então ele realmente pôde ir ao parque. Os pais de Jen não discordaram, mas também não concordaram, então ela encarou isso com um suposto sim.
Claro que os dois não iriam ao parque apenas os dois por vários motivos - e Jen adorava citá-los -, que incluíam falta de assuntos, falta de interesse e incompatibilidade de gênios – esse foi idéia da Jen –, além de mais outros 22 motivos que estavam em uma pequenina lista.
Naquele mesmo dia foi descoberto que a menina que morreu no parque estava se envolvendo com traficantes perigosos que tinham posse de armas legais, e alegavam segurança estando com elas em lugares públicos. Ou seja, eles podiam matar qualquer um que se aproximasse, se eles se sentissem ameaçados. Era como se dessem uma arma para um bebê. Acabaria em um massacre total. Os traficantes foram presos, mas as armas ainda não tinham sido encontradas. A maioria das suposições das vizinhas de Brittany era de que eles haviam implantado a arma em sua cueca. A Sra. Mighty achava meio impossível, pois os policiais perceberiam o “volume” nas calças. Na verdade, quem é que não perceberia?
Outra descoberta foi de que a menina assassinada estudava no colégio que Brit, Jen e Logan estudavam também. Isso chocou o trio, pois poderia ser um dos amigos deles. Eles foram para casa da Brit para pesquisar sobre o que houve e juntar provas para fazer com que a mãe de Brit deixasse-a ir para o parque sem preocupações.
— Quem poderia ter feito uma coisa dessas com uma aluna? — perguntou Jen, com um bloquinho de notas em sua mão esquerda e uma caneta cor-de-rosa, que já estava falhando, anotando as possíveis alunas que poderiam ter sido assassinadas — Ou melhor, quem poderia ter sido a aluna?
— Detetive Jen, a aluna já foi descoberta faz tempo. — disse Logan, alisando seus cabelos claros que brilhavam com a luz do sol — Foi a Victoria Clarkson. Ela estava no meu 5º tempo de Física Avançada. Ela era muito animada e tinha vários amigos. Eu já fui dupla dela e ela também era bem inteligente. Só que a mãe crê que ela não está morta e que está na casa de uma amiga, dormindo calmamente, e indo para escola normalmente também. Como se isso fosse possível.
— Disseram que ela fugiu de casa no dia que ia pro Parque, porque a mãe não deixou ela ir de jeito algum! — exclamou Brittany, que procurava informações no computador — Que motivo mais besta. Se fosse assim, até eu já teria fugido. E dos tempos.
— Mas não se esqueçam o fato de que ela se envolvia com traficantes pe-ri-go-sís-si-mos! — disse Jen, que fazia questão de soletrar perigosíssimos para enfatizar o problema da Victoria — Mesmo sendo inteligente em Física, era burra na matéria do amor.
— Quem disse que ela se envolvia amorosamente com eles? — perguntou Brittany, retoricamente e lendo em voz alta o que achou na internet — Diz aqui que ela comprava 300g de cocaína e 300g de maconha todo mês. Ela era uma viciada!
— De onde ela conseguia tanto dinheiro? 600g de drogas deve dar um dinheiro... — disse Logan, roubando a caneta cor-de-rosa da Jen, e riscando o bloco de notas dela todo até que não sobrasse uma palavrinha escrita
— Como você sabe, Logan? Virou traficante ou se droga mesmo? — perguntou Jen, ironicamente, arrancando a folhinha do bloco de notas e jogando fora na cara do Logan — 600g não deve dar nem 50 dólares. Qualquer um pode arranjar essa grana.
— Até você, Jennifer? — perguntou Logan, irritando Jen, pois ela odiava quando a chamavam de Jennifer. Ela dizia que Jennifer era o nome mais feio do mundo e preferia que a chamassem de J, Jen ou de Samantha, que era o nome mais bonito pra ela — Da última vez que eu chequei, você não conseguia arranjar 20 pratas para o lanche da escola, imagine então 50!
— Mas, lembre-se, que meu nome não é Victoria. Ela pode muito bem ter conseguido as 50 pratas em qualquer lugar e de qualquer jeito. Isso já não é mais da minha conta, o que ela faz ou deixa de fazer. — disse Jen, alterada por chamarem-na de Jennifer. — Só sei que ela parece bem bizarra quando a lua cai e o sol sai.
— Enfim, vocês dois, saibam que ela é rica pra caralho. Parece que o pai achou petróleo em nove locais diferentes. — disse Brittany, boquiaberta, imaginando o que o cachorro deles come por dia. Uma loucura!
NOVE? Eu não acho petróleo nem em jogos de exploradores, imagine em nove locais diferentes! — exclamou Logan, também boquiaberto, levantando-se correndo para a tela do computador para ler o que estava escrito — Aqui diz também que a mesada dela era de uma quantia de $7.000 por mês. Isso é basicamente um salário!
Depois de recolherem todas as pesquisas, levaram para a mãe de Brittany, para provar que eles estariam seguros dentro do parque e dentro da “Escuridão”.
— Mãe, tem um tempinho? — perguntou Brittany, ajeitando as madeixas louras que caiam em cima de seus olhos verdes, que estavam brilhando, tentando convencer sua mãe.
— Que seja rápida... Tenho que terminar esse relatório. — disse a Sra. Mighty, pouco concentrada na filha e digitando tão rápido que os dedos doíam muito.
— Neste relatório que eu deixo em suas mãos — começou Jen, pigarreando para poder falar “bem bonito” — você pode ver todos os fatos que levam a morte de Victoria Clarkson, a menina que morreu assassinada no brinquedo. Além de ser uma viciada em cocaína e maconha — disse, com um ar de detetive, pigarreando a cada pausa para ficar mais dramática — ela foi para o parque com alguns amigos, pois havia marcado de encontrar os traficantes lá. Então, ela pode ter morrido de várias formas, mas não há possibilidade dela ter morrido dentro do brinquedo. Compreende?
— Isso tudo é para a Brittany ir para o parque com vocês? — perguntou a mãe da Brittany, ajeitando os óculos de grau que cobriam seus olhos azuis
— Pode parecer loucura, mas é. — respondeu Logan, abraçando Brittany, e dando um selinho nela, simbolizando que eles estariam com ela para tudo.
— Bom, mesmo isso parecendo convincente, essa mocinha só vai aquele parque acompanhada de sua mãe, que no caso, sou eu. Desculpe, mas zelo pela sua segurança, Brittany Mighty. — disse a Sra. Mighty, re-ajeitando seus óculos e voltando a digitar rápido.
— Todo nosso trabalho não serviu para nada? — perguntou Brittany, furiosa, jogando o relatório no chão, e correndo para ir se trancar no quarto, praguejando alto pela janela.
Com isso, eles combinaram de entregar o relatório para a mãe de Victoria, mas em outra hora, para ela saber que a filha não era quem ela achava que fosse. Embora, no momento, o mais importante era arquitetar um plano para poderem enganar a mãe e conseguirem ir para o parque. Embora em filmes de ação, arquitetar um plano seja bastante fácil, na “vida real”, essa artimanha fica muito difícil. Mas, Logan tinha a solução:
— Vocês sabem jogar pôquer? — perguntou Logan, olhando para um baralho que estava em cima da bancada do quarto da mãe da Brittany
— Você está pensando em pôquer em uma hora dessas? — perguntou Jen, estressada com Logan, achando que ele só queria jogar com elas
— Não, Jen... — disse Brittany, admirada com a capacidade do Logan de pensar rapidamente — Eu acho que não foi isso que ele quis dizer com pôquer.
— Tem certeza? — perguntou Jen, riscando mais uma vez o bloco de notas.
— A gente pode usar o pôquer como uma desculpa para sair de casa e ir ao parque. — disse Logan, comemorando por ter tido essa idéia maravilhosa
— Não vai dar certo, é melhor a gente não ir comemorando. — disse Brittany, lembrando-se da audacidade de sua mãe — Minha mãe vai querer saber porque a gente não joga aqui em casa mesmo, isso, aquilo, ou sei lá o quê.
— A gente fala que vai ter um campeonato na casa de... Emmett Halls. Ele é campeão de pôquer — disse Logan, levantando-se — Eu posso falar que eu te ensinei algumas coisas e que vai ser de trio contra o trio do Halls. Pode dar certo...
— Mas pode dar errado também — disse Jen, penteando seus cabelos pretos para trás e prendendo-o com uma presilha de ouro importada
— Não custa tentar — disse Brittany, levantando-se da cama, e indo em direção á mãe.
A mãe ainda estava fazendo o relatório – que relatório é esse que é tão longo assim? – e quando percebeu que havia gente chegando perto, fechou o notebook.
— O que vocês querem agora? — perguntou a mãe, impaciente
— Vamos jogar pôquer na casa do Emmett Halls — respondeu Logan, com uma sacola cheia de coisas que não estavam muito visíveis, só conseguia ver-se um baralho
— Vocês três? — perguntou a Sra. Mighty, olhando as coisas na sacola. Nada suspeito.
— Sim, mãe. Algum problema? — perguntou Brittany, que sorria descontroladamente, mas a mãe não tinha percebido.
— Na verdade, não. Mas, porque não jogam aqui em casa? — A sra. Mighty fez a pergunta que eles não queriam ouvir.
— Porque vai ser um campeonato de trios. — disse Jen, nada nervosa, a única do trio que estava assim — O trio do Emmett e o nosso trio. Fomos chamados porque o trio da Victoria desistiu do campeonato depois... bem, da morte dela, né?
— Certo, certo... Podem ir! Mas voltem para cá antes das 23h! Faltam 2 dias para acabar a suspensão.
A Sra. Mighty caiu que nem um patinho! Parecia até que ela não sabia que a filha ia sair para o Parque. Ou ela queria deixar a filha sair, que ela fosse ao parque, mas que não fosse tão direta assim? A mãe da Brittany ligou o notebook de novo e abriu o ICQ. Tinha uma conversa com 32 mensagens não lidas. Abriu e começou a ler: “Ninguém sabe que estamos juntos, não é?” “Quando sai o papel do divórcio?” “Não conte para a Brittany sobre nada” “Te Amo <3”. Ela estava tendo um caso?
No caminho até o parque, Brittany foi pensando em ter enganado a mãe. Ela era ingênua, mas não era burra. Quem sabe o que ela poderia estar fazendo agora? Contratando a polícia? Jennifer foi pensando em qual brinquedo ir primeiro. Eram tantas opções! Já Logan, pensava em Brittany e nos problemas dela. Ele era um namorado muito atencioso com Brittany, que era, na verdade, seu primeiro amor. Mas, às vezes, ela o jogava de lado para ficar conversando com Jen. Isso era meio humilhante, mesmo ele não ligando muito para isso.
— Amorzinho — começava Logan, indo para o lado de Brittany, o lado esquerdo. Ele gostava de ficar à esquerda das pessoas que ele amava. Não que odiasse Jen, mas Brittany era tudo para ele — Sua mãe não vai descobrir nada, não se preocupe com isso. Faremos de tudo para isso não acontecer, eu prometo!
— Não é isso amorzinho — disse Brittany, dando-lhe um beijo no rosto e depois um selinho pelo gesto de amor e amizade que Logan deu a ela — É que eu não me sinto bem em enganar minha mãe e eu acho que ela ta escondendo alguma coisa de mim, sabe?
— Tipo o quê? — intrometeu-se Jen, olhando para a carinha triste de Brittany
— Quando nós chegamos lá de surpresa, ela fechou o notebook correndo. E eu vi uma conversa no ICQ aberta antes dela fechar. — disse Brittany, pensando o pior da mãe. — O que ela pode estar fazendo que tem que esconder de mim?
— Não pensa no pior, B — disse Jen, abraçando-a e fazendo-a parar de andar um pouco — Nós viemos aqui para nos divertir! Sua mãe tem conversas particulares também, deixa ela, poxa!
— Então ta, sua vadia! — exclamou uma animada Brittany, que havia renascido das cinzas — Vamos ter a melhor diversão de todos os tempos.
Ah, como Brittany queria ter voltado atrás. Como ela queria...

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